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sábado, 29 de setembro de 2012

O RACISMO EXISTE, MAS TEM QUEM NÃO O VEJA!





(ESSE TEXTO É UMA RESPOSTA A ARGUMENTOS DE CIDADÃOS/ÃS VIA FACEBOOK QUE DISSERAM NÃO VER RACISMO NO QUADRO "ADELAIDE" DO PSEUDO HUMORÍSTICO ZORRA TOTAL. HÁ MAIS COMENTÁRIOS PRECONCEITUOSOS MAS DE
CIDI ME RESTRINGIR A 2 APENAS. SEGUE ABAIXO OS COMENTÁRIOS: 
CIDADÃO 1: Não acho racismo algum...vm deixar de exagero, afinal as loiras são objeto constante de piadas e nenhuma se manifesta! MENOS VIU...BEM MENOS...
CIDADÃO 2: hahaha... Mas e se fosse a fot de um branco? ou Japonês? Não gosto do quadro, mas não vejo racismo nele...
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MEUS ARGUMENTOS:
(Esse texto é uma resposta a argumentos de cidadãos/ãs que disse não perceber o racismo no quadro "Adelaide" do pseudo humorístico Zorra total. Se) - Quem não vê racismo onde ele existe geralmente não vê machismo nas propagandas de cerveja. São os mesmos que não notam a homofobia. Quem não vê racismo onde ele existe nunca sofreu racismo (ou se sofreu, não percebeu) por isso tem dificuldade em identificá-lo. Enfim, quem não vê o racismo onde ele existe não percebe preconceitos de um modo geral, são os mais permeáveis as ideias de senso comum. Nesse caso, o senso comum que impera é a protelado Mito da democracia racial. O racismo é invisível àqueles que já o naturalizaram, já o absorveram como aspecto normal da realidade, por isso não causa impacto, não é perceptivel. Aliás, todo preconceito torna-se invisível quando é naturalizado. Inclusive para as próprias vítimas do preconceito. Daí a tendencia de generalizações tais como as feita "e se fosse branco, ou japonês". Como se o status simbólico de brancos e japoneses fossem os mesmos na nossa sociedade. Retratar o negro de maneira estereotipada impingindo-lhes a alcunha da miséria, da ignorância, da pouca complexidade intelectual, depreciando suas características físicas e morais é uma marca do racismo à brasileira. E tudo isto pode ser observado no quadro pseudo-humorístico do Zorra Total. Só não percebe quem não quer ou não consegue compreender as peculiaridades do preconceito racial praticado no Brasil. O branco, mais especificamente o homem, é majoritariamente retratado como simbolo do sucesso, status, inteligencia, perspicácia, dotados de valores morais e socialmente bem reputado. A mulher branca (principalmente loira) é simbolizada como objeto de desejo, pouco inteligente mas extremamente sexualizada e padronizada como beleza universal. O japonês é invisível para nossa televisão e quando retratado aparece como estereótipo de inteligencia e ingenuidade, os homens são estigmatizados pela micropênia (numa sociedade onde imbecis medem masculinidade pelo tamanho de seus pênis). Aparece também quando a publicidade quer passar a imagem de "diversidade" sendo mostrado sempre ao lado de um ruivo/a e um negro/a. Quem não vê o racismo onde ele existe não percebe nenhum dos estereótipos citados. Isso porque eles se tornaram um dado da realidade nos seus subconscientes. Quem não vê o racismo onde ele existe geralmente tem sua opinião enviesada de fora pra dentro, influenciada pelo senso comum de que o racismo é paranoia dos negros/as. Creem piamente que o racismo não existe e são os negros/as complexados. Quem não vê o racismo geralmente é acrítico, não esmiúça os fatos, nunca se questionou do porquê das disparidades sociais e simbólicas entre brancos e não-brancos, aceita apaticamente as noticias e a história oficial que nos é dada. Os que não vêem o racismo recusam veemente o colírio da realidade capaz de desobstruir verdades indigestas. É por isso que o racismo no quadro do Zorra total é relativizado entre "acho que sim" e "acho que não". Isso é fruto de uma engenharia ideológica muito bem erigida, como diria o professor Kabenguele Munanga "nosso racismo é um crime perfeito!" 

CARTA DE REPÚDIO AO PROGRAMA ZORRA TOTAL ENVIADA POR ORGANIZAÇÕES DO MOVIMENTO NEGRO E DE MULHERES:http://www.ceert.org.br/noticiario.php?id=3066

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