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sábado, 29 de setembro de 2012

JABOR, O MAQUIAVEL BRASILEIRO? - Conselhos de jornalista pautam a campanha de José Serra a prefeitura de São Paulo






Em 1513 Nicolau Maquiavel escreveu um tratado de recomendações orientando como controlar e manter o poder de um principado. O livro "O príncipe" compila uma série de conselhos ao duque Lorenzo de Médici. Séculos depois, a prática de recomendar o que governantes (ou candidatos) devem fazer para se manter ou conquistar o poder continuam em voga. Guardadas as devidas proporções, Arnaldo Jabor, cineasta (de potencial duvidoso), atualmente jornalista das organizações Globo, se propõe a fazer algo parecido com que Maquiavel fez em sua obra. Calma, eu explico. No artigo que escreveu no jornal que melhor enrola chuchu na feira, o Globo, no dia 04/09/2012, o jornalista inicia os seus conselhos a Serra descrevendo o cenário político paulistano da atualidade:
“o marketing político perverte os homens de bons costumes; na cena política paulista existiria um espaço da ignorância historicamente ocupado por populismos de ocasião; a classe C é formada por conservadores idiotas que andam atrás de soluções mágicas e imediatas; o movimento evangélico prospera neste espaço de gente opaca que reclama por líderes totais; a mistura entre política e religião na versão do movimento evangélico brasileiro seria o “islamismo caboclo”; líderes reacionários surgem em tempo de crise. Em suma, dentro dos impasses geram-se os canalhas”
Primeiramente, tenho muitas reservas acerca do que Jabor considera um “homem de bons costumes”. Segundo, a crítica aos adversários diretos de Serra fica implícita ao atribuir a praxe da ignorância a classe C (classe que teeve evolução economica ascendente durante o governo petista de Lula) e ao atribuir o termo “islamismo caboclo” ao movimento evangélico que apoia fortemente Celso Russomano. Aliás, cabe a ressalva do preconceito embutido neste termo: usa o islamismo de maneira ofensiva, como sinônimo fundamentalismo, atribuindo um tom pejorativo tanto a religião islâmica como ao terminologia “caboclo” usada, no meu entender, numa perspectiva depreciativa, sobretudo se questionarmos quem são os caboclos. A xenofobia de Arnaldo é notória. Em terceiro, o que será o que ele chama de “tempos de crise” ele se refere? Desde 2004 o governo paulistano é governado pela aliança PSDB/DEM, ou seja, o governo no comando a 8 anos é da mesma linha política do candidato José Serra. Seria uma critica velada ao governo Kassab?
Após a análise de contexto, Jabor passa as dicas que o marketing tucano deve seguir se quiser que Serra se torne o novo príncipe, digo, prefeito de São Paulo: Assumir alguns pecados políticos (promessas não cumpridas do passado); Incluir Fernando Henrique Cardoso na campanha;  ceder, mesmo que discretamente ao “populismo midiático” para angariar votos das classes populares  (o que é pra lá de paradoxal, pois Jabor sempre usa o termo “populismo” como característica negativa do governo Lula). Qual não foi o meu espanto hoje de manhã ao assistir na TV o FHC fazendo campanha para o candidato tucano, bem como Serra assumindo que não cumpriu tudo que prometeu, porém, fez coisas que não prometeu. Jabor consegui pautar a campanha do Serra!!! 
O marketing tucano, assim como a ala dos pseudo- intelectuais leitores da Veja, se deixaram levar pelos conselhos chinfrins do Jabor. Assumir erros passados em eleições é cavar a própria cova (cova sem dúbio sentido). Marta assumiu que errou ao criar a taxa do lixo e não ajudou em nada sua campanha em 2004 pela reeleição municipal. Pelo contrário. Creio até que isso até a prejudicou. Chamar FHC que saiu da presidência com um alto índice de reprovação e que há tempos não figura no cenário político na crença de que ele pode trazer votos é uma aposta, no mínimo, ingênua. Se a rejeição à FHC se manteve aos longos dos anos, junto com a rejeição atual ao candidato Serra, a situação pode até não piorar mas dificilmente melhore.  Isso mostra o quanto o marketing tucano está perdido após se confrontar com o fenômeno Russolmano, tendo argumentos unicamente para um embate contra o PT.  A estratégia até então era só deter a ascensão de Haddad, mas Jabor oxigenou as ideias do pouco criativo marketing do PSDB. A grande ideia de fundo é mostrar Serra como contraponto das duas tendências consideradas fortes nessa campanha: o que ele chama de “populismo midiático” atribuído a presença de lula na campanha de Hadadd e a do avanço evangélico que vem aderindo paulatinamente a campanha de Celso Russomano (que já fechou acordos com a igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Mundial e Assembleia de Deus. Inclusive, a meta de cada pastor da Assembleia é conseguir pelo menos 100 votos para Russomano). O reforço a ignorância das duas tendências, contrastados com o “racionalismo” de Serra é  o principal conselho dado por Jabor. Uma oportunidade de conquistar o público não influenciado pelo “messianismo político”.  Eleger Serra seria mais um roteiro de um filme do Arnaldo?Qual seria o título? A espera de um milagre? A Considerar a carreira de Jabor nos cinemas, esse filme tende a ser mais um fracasso de bilheterias!






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