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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ser contra Haddad, vá lá. Mas apoiar Serra é demais!




Criticar um candidato do PT me parece razoável visto que Plínio de Arruda Sampaio, político experiente do cenário nacional, pertence a um partido dissidente, portanto, fruto de uma incompatibilidade de pensar e agir. De fato o PT de hoje é bem diferente do PT que nasceu em meados dos anos 80, no bojo de um período de redemocratização.  Há decepções, ressentimentos e discordâncias que ficam evidentes na oposição que o Partido Liberdade e socialismo (PSOL) tem sobre o Partido dos Trabalhadores. Penso que uma oposição saudável deve ser absolutamente crítica, mas essa critica não pode ser confundida com ressentimentos particulares.
Ao desabonar Haddad e insinuar que o candidato que disputa o segundo turno a prefeitura de São Paulo com ele pode ser uma opção mais razoável (fato implícito no seu discurso), Plínio fez uma opção por uma oposição burra a um desafeto político. Crítica política se confunde com ressentimento pessoal, gerando um aval irresponsável para o fortalecimento da direita conservadora paulistana (sobretudo da direita golpista, sempre atenta às lacunas abertas nestas oportunidades). Pelo menos no campo do discurso, não há (ou não havia) possibilidades  deu um projeto “socialista e revolucionário” (como Psol se auto- intitula) coadunar com um projeto “social-democrata” (leia-se reacionário) tucano.   Ser contra o PT por discordâncias político-partidárias é uma coisa. Apoiar um partido diametralmente oposto a ideologia de esquerda é outra. Creio que a posição mais justa e sóbria seria a neutralidade. Não se trata de inocentar o PT que já fez alianças pra lá de contraditórias em prol de um projeto de poder (vide o arranjo entre Maluf e Haddad para concessão de maior visibilidade televisiva na propaganda eleitoral “gratuita”).
Cabe a ressalva que a opinião do velho "comunista" não pode ser generalizada a todos militantes no Psol. Na minha opinião,  grande parte prefere um voto anti-serra (ou no limite, a neutralidade). Nesse sentido, votar no Haddad contra o Serra é o que é bem diferente de compactuar com o PT. Poderia ser entendido como um "voto estratégico" ou uma “opção no menos ruim”, visto que, comparativamente, o ideário tucano é proporcionalmente mais conflitante (e porque não dizer, totalmente oposto) a visão ideológica socialista que o PSOL embandeira. No caso do voto em Haddad, os partidários do Psol não assinam compromisso com PT e apenas optam por aquele a quem irá farão oposição. Não há contradição em apoiar Haddad, tampouco em se manter neutro. Não compromete em nada as críticas, as discordâncias e as diferenças existente entre o partido matriz e o partido dissidente.
Percebi que muitos amigos de facebook que são partidários do Psol são contra o voto nulo e terão que, teoricamente falando,  se posicionarem. Creio que grande parte vai optar pelo voto crítico ao Haddad, assim como fizeram nas eleições para presidência da república quando grande parte declarou voto à Dilma em detrimento ao mesmo José Serra. Longe de concordarem com as diretrizes que o PT vem adotando, esses militantes do Psol permanecem firmes numa postura critica (embora note também que existe entre estes um grau de ressentimento, sobretudo daqueles que participaram das bases do PT, e uma “oposição pela oposição”, o que chamo de “oposição burra”)
No final das contas, Plínio, o velho "comunista", vai apoiar a classe social a que pertence decretando a prevalência da solidariedade de classe sobre a ortodoxia marxista. Agora é só desejar que Plínio vista o pijama.

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